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Fonte da imagem: https://www.otempo.com.br/content/dam/otempo/editorias/cidades/2018/10/cidades-barra-longa-renova-mariana-1709538409.jpeg
Quilombo da Gesteira denuncia exclusão do acordo de Mariana: 'Londres é nossa única esperança'
Representante quilombola relata exclusão do grupo na indenização por danos coletivos após o rompimento da barragem do Fundão em Mariana
Membros do quilombo da Gesteira, afetados pelo rompimento da barragem do Fundão em Mariana há quase 10 anos, continuam enfrentando as consequências da tragédia. Apesar de um montante de R$ 8 bilhões destinado à indenização por danos coletivos a comunidades indígenas, quilombolas e tradicionais, o quilombo localizado em Barra Longa não foi incluído no acordo.
Exclusão e críticas ao governo
Simone Silva, representante do quilombo, criticou o governo federal por reconhecer o quilombo como povo tradicional, mas excluí-lo da repactuação do acordo. Ela destacou a participação do Ministério Público e dos governos de Minas Gerais e do Espírito Santo no contrato, e denunciou a repetida negativa em incluir o quilombo da Gesteira nas negociações, mesmo com certificação oficial.
Falta de consulta e manifestações
Simone relatou que, apesar do direito garantido pela OIT 169 de consulta e participação nas decisões, o quilombo foi excluído sem ser ouvido. Ela mencionou uma reunião em Belo Horizonte onde as decisões já estavam tomadas e a ausência do grupo nas discussões da repactuação. Uma manifestação realizada no Ministério Público Federal resultou no reconhecimento da ignorância da representatividade do quilombo na mesa de repactuação, o que Simone classificou como "criminoso".
Programas alternativos e falta de respostas
Com a exclusão do acordo principal, foi oferecida a possibilidade de acesso a outros programas, como o Programa de Transferência de Renda (PTR), que exige Cadastro de Agricultura Familiar (CAF). Apesar das visitas de representantes do Ministério do Desenvolvimento Agrário ao território do quilombo, não houve retorno ou respostas efetivas até o momento.
Impactos do desastre na comunidade
A barragem do Fundão se rompeu em 5 de novembro de 2015, liberando cerca de 44 milhões de metros cúbicos de lama que devastaram a região, incluindo o território do quilombo da Gesteira. Simone destacou os danos à história, identidade e cultura do povo quilombola, bem como a destruição física do território, mortes por depressão e doenças relacionadas à contaminação. A filha de Simone, Sofia, de 10 anos, sofre com graves problemas de saúde causados pela contaminação, sem acesso a atendimento adequado.
Esperança na Justiça inglesa
Fora da repactuação brasileira, Simone declarou que a ação judicial contra a BHP Billiton na Justiça inglesa representa a única esperança de reparação para o quilombo. Ela criticou a justiça brasileira por sua exclusão e ressaltou a necessidade de lutar para garantir direitos e reconhecimento para o quilombo da Gesteira.