O governo brasileiro aparenta estar despreparado para um evento de grande impacto econômico que pode desorganizar o cenário nacional exatamente quando o consumidor esperava uma inflação menor nos alimentos. Até o dia 6, as tarifas permanecem as mesmas, mas após essa data será iniciado o aumento significativo das tarifas pelo governo dos Estados Unidos.

Reações do governo brasileiro

As respostas do presidente Lula ainda não foram claramente apresentadas, limitando-se até o momento a um jantar com membros do Supremo Tribunal Federal (STF), que contou com a ausência de diversos ministros, indicando uma polarização interna mesmo na Suprema Corte.

Os ministros Carlos Fávaro, da Agricultura, e Paulo Teixeira, do Desenvolvimento Agrário, que deveria proteger os agricultores familiares, não tomaram atitudes relevantes para defender o agronegócio brasileiro. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que o bloqueio tarifário pode ser benéfico, pois os preços dos alimentos cairiam. Essa declaração, se baseada em desconhecimento do mercado, é preocupante, especialmente diante da situação precária dos portos brasileiros.

Consequências para o agronegócio

Se os produtores não suportarem a pressão econômica decorrente do tarifação americana, o principal trunfo do governo pode ser comprometido, abrindo espaço para a hiperinflação no Brasil. Haddad anunciou um Plano de Contingenciamento para proteger produtores afetados, mas até o momento o plano não foi implementado pelo presidente Lula.

Setores como pescados, carne bovina, frutas e mel já apresentam dificuldades. Destaca-se a manga brasileira, que domina o mercado americano, e a necessidade urgente de contato diplomático para proteger esses mercados. O café ainda se mantém, mas depende da atuação governamental.

Apelo para ação diplomática

O autor da coluna, Valdir Barbosa, destaca a importância de Lula se posicionar diretamente com o presidente Donald Trump no Salão Oval da Casa Branca, defendendo a soberania brasileira de forma clara, "sem baralho e sem comer jabuticaba". Essa atitude é vista como necessária para enfrentar o desafio imposto pelo tarifaço americano e evitar um impacto econômico catastrófico no Brasil.

Valdir Barbosa é produtor rural em Minas Gerais, ex-repórter esportivo e atualmente escreve diariamente sobre agronegócio e economia no campo na TV Sim Brasil.