A recente decisão do governo de Donald Trump de implementar tarifas elevadas sobre importações de diversos países suscitou tanto preocupação quanto alívio no Brasil. O país foi incluído na menor alíquota extra de importação, fixada em 10%, o que significa que os produtos brasileiros se tornarão mais caros para consumidores e empresas americanas, mas com um impacto muito menor em comparação a nações como Índia, Japão e a União Europeia.

Impactos do Tarifaço Global

O tarifaço já causou quedas significativas nas bolsas de valores da Ásia e da Europa. Em resposta, a China anunciou que aplicará tarifas retaliatórias de 34% em todos os produtos importados dos Estados Unidos a partir do dia 10 de abril. Contudo, analistas alertam que as incertezas geradas por essa nova configuração de comércio global podem ter consequências negativas, especialmente para a economia brasileira.

Oportunidades para o Brasil

Apesar dos desafios, especialistas notam que a elevação das tarifas em outros países pode abrir portas para produtos brasileiros. O agronegócio, por exemplo, pode se beneficiar com um aumento nas exportações de commodities para a China, já que o país asiático tende a reduzir suas compras dos Estados Unidos. Um acordo recente entre Brasil e China para exportação de sorgo pode se mostrar vantajoso neste contexto.

Condições do Comércio Exterior

Jorge Viana, presidente da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (ApexBrasil), enfatiza que qualquer ganho potencial para o Brasil não deve ser visto isoladamente. Ele destaca que um ambiente global instável é prejudicial para todas as nações e que os riscos superam os benefícios. Além disso, o fortalecimento do comércio com a China pode se intensificar, com previsões indicando que a corrente de comércio entre os dois países deve crescer consideravelmente nos próximos anos.

Expectativas de Mercado

Além dos impactos diretos sobre exportações, a desvalorização do dólar poderia trazer alívio à inflação brasileira, tornando produtos importados mais acessíveis. No entanto, a instabilidade econômica e os movimentos recessivos globais são fatores que permanecem incertos e preocupantes. Claudia Moreno, economista do C6 Bank, ressalta que a trajetória futura do dólar é incerta e que investidores podem optar por ativos mais seguros em momentos de crise, o que poderia valorizar a moeda americana novamente.