Você piscou e uma das datas mais aguardadas do ano chegou novamente! O Natal, celebrado por milhões em 25 de dezembro, ultrapassou barreiras religiosas, tornando-se um evento culturalmente valorizado, cheio de símbolos, tradições e, claro, sabores memoráveis que nos transportam para essa época do ano. Entre as inúmeras receitas, destaca-se um protagonista indiscutível dessa festa: o panetone. Com frutas cristalizadas ou na versão de chocolate, esse item é presença certa nas prateleiras de mercados e lojas, quase como um aviso de que o fim do ano se aproxima. Mas de onde surgiu o panetone e como ele conquistou seu lugar especial nas mesas natalinas e mercados ao redor do mundo?

Origens e Lendas do Panetone

São várias as lendas sobre a história do panetone. A mais conhecida remonta ao século 15, na corte de Ludovico il Moro, em Milão. Diz-se que na véspera de Natal, durante um banquete, o cozinheiro dos Sforza acidentalmente queimou uma sobremesa. Tentando salvar a situação, um ajudante chamado Toni usou um pão de fermentação reservado para as festividades, adicionando farinha, ovos, passas, frutas cristalizadas e açúcar, criando uma massa leve e macia. A receita agradou tanto que foi batizada de "pan di Toni", evoluindo para "panetone".

Outra história envolve Ughetto degli Atellani, um jovem apaixonado que teria criado um pão enriquecido para ajudar o pai de sua amada na padaria. Esse pão tornou-se popular no Natal, transformando-se no panetone que conhecemos. Há ainda quem diga que o doce foi criação de Irmã Ughetta, que usou ingredientes simples para alegrar o Natal em um convento pobre.

Evolução e Popularização

A primeira referência ao panetone foi em 1606, no Dicionário Milanês-Italiano, como “panaton de danedaa”. A receita evoluiu ao longo dos séculos e na década de 1920, Angelo Motta, inspirado no kulich pascal, criou a forma alta e macia selando a tradição.

O panetone começou a se espalhar mundialmente graças à imigração italiana e à expansão comercial no século 20. Italianos levaram sua cultura e receitas para países como Argentina, Brasil e Estados Unidos. A exportação pós-guerra também ajudou o doce a chegar até a Ásia.

Na Europa, o panetone é visto como uma iguaria natalina, adaptada com ingredientes locais. No Brasil, destacou-se pela marca Bauducco, que iniciou em 1952 no Brás, em São Paulo. Carlo Bauducco trouxe a receita tradicional e o segredo da “massa madre” para o sucesso da produção local.

O Chocottone e Outras Inovações

A família Bauducco também deu origem ao "Chocottone", substituindo frutas por gotas de chocolate. Massimo Bauducco percebeu a preferência dos jovens e adaptou a receita, criando um sucesso de mercado, ainda que exclusivo pela marca Bauducco.

Outras marcas e confeiteiros seguiram o exemplo, acrescentando recheios generosos e sabores locais. Um exemplo é o Mocotone, desenvolvido pelo restaurante Mocotó em São Paulo. Liderado pelo chef Rodrigo de Oliveira, o projeto incluiu ingredientes brasileiros como cupuaçu e caju, alcançando grande sucesso.

Produção e Reconhecimento

Segundo a Bauducco, atualmente produzem 80 milhões de Panettones e Chocottones por ano, exportando para mais de 50 países. De acordo com a Abimapi, o consumo de panetone no Brasil entre novembro de 2022 e janeiro de 2023 gerou R$ 725 milhões em faturamento, crescendo significativamente no período seguinte.

Este sucesso levou à criação de novas receitas e ao ganho de popularidade global do panetone, com a participação de padeiros renomados em competições internacionais, como a "Coppa Del Mondo Del Panettone" em Milão, onde o Brasil tem representantes.

Conclusão

O panetone se firmou como símbolo de Natal, com sua rica tradição e variedade de sabores, conquistando pessoas no mundo todo. Enquanto isso, competições e inovações continuam a propagar a fama dessa iguaria que muitos aguardam ansiosamente em cada final de ano.