O Brasil registrou 706 casos de violência política em 2024, o que representa o maior número desde o início do monitoramento pelo Observatório da Violência Eleitoral e Política no Brasil, da Universidade do Rio de Janeiro (OVPE/Unirio).

Dados Alarmantes

Desde 2020, a entidade acompanha os registros, e em seu primeiro ano de análise, houve 235 episódios. No ranking de violência política, Minas Gerais se destaca entre os estados com maior incidência, ocupando a quinta posição em 2024 com 41 casos, enquanto São Paulo lidera com 111 casos, seguido por Rio de Janeiro (77), Bahia (65) e Ceará (47). O Amapá foi o estado com o menor número, registrando apenas um caso.

Contexto das Eleições

Em setembro de 2024, mês que antecedeu o primeiro turno das eleições, foram contabilizados 360 casos, representando mais da metade do total no ano. Entre 16 de agosto e 27 de outubro, período que abrange a campanha eleitoral até o segundo turno, foram registrados 328 casos de violência física, psicológica e econômica.

Análise de Especialistas

De acordo com Miguel Carnevale, pesquisador do OVPE/Unirio, as eleições municipais concentram níveis mais altos de violência, principalmente em comparação com eleições para cargos estaduais e federais. Ele enfatiza que, apesar da polarização presente na política brasileira, a violência persiste como um problema crônico, especialmente em disputas locais por poder econômico.

Impacto nas Mulheres

As estatísticas também mostram que os homens são as maiores vítimas de violência política, representando 68,9% dos casos. Contudo, a violência contra mulheres é alarmante e reflete uma tentativa deliberada de limitar a participação feminina na política. Carnevale destaca que as formas mais frequentes de violência contra mulheres são psicológicas e semióticas, que buscam deslegitimar suas candidaturas.

Partidos mais Afetados

O Partido dos Trabalhadores (PT) foi a legenda que mais sofreu incidentes de violência, com 48 registros em 2024. Outros partidos, como MDB e União Brasil, também apresentaram números significativos. Comparando com 2022, quando 645 casos foram registrados, o aumento nos episódios de violência política continua sendo uma preocupação para a democracia brasileira.