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Gustavo Loyola alerta que Banco Central não pode atuar sozinho para controlar a inflação
Ex-presidente do Banco Central destaca que política monetária deve ser acompanhada por políticas fiscais e critica medidas do governo que estimulam a economia
Gustavo Loyola, ex-presidente do Banco Central (BC), concedeu uma entrevista ao PlatôBR na qual analisou o atual cenário econômico brasileiro, destacando que, apesar do aumento da taxa de juros, a inflação só deve convergir para a meta de 3% em 2026. Loyola ressaltou que o ciclo de elevação da taxa Selic está próximo do fim, com juros em 15,25% para este ano.
Elevação dos Juros e Expectativas Inflacionárias
Loyola defende a elevação dos juros como a principal ferramenta do Banco Central para evitar que expectativas de alta inflação retroalimentem o IPCA, índice oficial de preços usado pelo governo. Ele elogiou a atuação da atual diretoria do BC, liderada por Gabriel Galípolo, mas destacou que o mercado mantém dúvidas sobre a capacidade do Banco Central de alcançar a meta inflacionária no contexto atual.
Necessidade de Coordenação entre BC e Governo
Para o ex-presidente do BC, embora a autoridade monetária seja protagonista no combate à inflação, ela não pode atuar isoladamente. A credibilidade da política monetária depende também do ministro da Fazenda e do presidente da República. Loyola criticou a escolha da ministra Gleisi Hoffmann para a coordenação política do governo, argumentando que isso reacende o debate sobre interferência política no Banco Central.
Análise do Governo Lula e Impactos no Mercado
Loyola afirmou que o presidente Lula "não é mais o mesmo" e que o mercado está dividido entre comparações da gestão atual com seus mandatos anteriores ou com o governo Dilma Rousseff. Ele classificou Lula como "mais populista" e criticou declarações que geram insegurança, como ameaças de "medidas drásticas" caso os preços dos alimentos não baixem.
Cenário Econômico e Política Monetária
Sobre o ciclo de alta dos juros, Loyola indicou que a taxa Selic deve atingir cerca de 15,25%, próximo do nível suficiente para controlar a inflação. Ele ressaltou que choques externos, como variações cambiais ou altas nos preços de commodities, podem afetar o cenário inflacionário, mas que o Banco Central deve agir para evitar a permanência dessas pressões no índice de preços.
Desafios para a Política Monetária
O ex-presidente do BC destacou que o Banco Central enfrenta dificuldades para ancorar as expectativas inflacionárias devido a fatores como receio de interferência política, incertezas externas e a política fiscal do governo. Ele afirmou que, até o momento, o BC tem mantido uma política técnica, mas o restante do governo ainda adota medidas que aquecem a economia, contrariando os esforços do Banco Central.
Possível Recessão Técnica e Perspectivas de Crescimento
Loyola reconheceu a possibilidade de uma recessão técnica em 2025, com dois trimestres consecutivos de queda do PIB, embora não seja sua projeção principal. Ele mencionou que o crescimento mais baixo no final de 2024 e o endividamento das famílias são sinais de desaceleração, e que as medidas do governo podem retardar essa desaceleração, exigindo uma política monetária mais rígida.
Relação entre o BC e o Governo
Questionado sobre a influência do presidente do BC junto ao presidente Lula, Loyola ponderou que, embora Gabriel Galípolo possa tentar exercer sua função, o presidente conta com muitos assessores próximos, o que pode limitar essa influência direta.