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Everardo Maciel alerta para risco de retaliação comercial e defende negociação entre Brasil e EUA
Ex-secretário da Receita Federal critica medidas retaliatórias e destaca a importância da negociação pragmática para preservar a posição do Brasil no comércio mundial
A uma semana da entrada em vigor das tarifas impostas pelos Estados Unidos, o ex-secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, alertou sobre os riscos de uma retaliação brasileira ao aumento do imposto de importação americano. Em entrevista ao Podcast do Correio, Maciel classificou essa possibilidade como uma "tese suicida" e defendeu que o único caminho viável é a negociação entre os países.
Contexto das tarifas e postura brasileira
Maciel explicou que o imposto de importação americano, frequentemente chamado de "tarifa", incide sobre os produtos brasileiros, mas que sua aplicação é legal, mesmo que os acordos internacionais, como os da Organização Mundial do Comércio (OMC), estejam inoperantes na prática. Ele destacou que, enquanto 40 países negociam com os Estados Unidos para mitigar os impactos, o Brasil ainda não adotou uma postura efetiva de negociação.
Críticas à postura diplomática e comercial
O consultor tributário criticou o fechamento dos canais diplomáticos entre Brasil e Estados Unidos durante a administração Trump, ressaltando que divergências ideológicas não deveriam impedir negociações comerciais. Ele lembrou que o Brasil mantém relações comerciais significativas com outros países como China, União Europeia, Vietnã e Índia, e que negociar com um não impede negociar com outros.
Relevância dos acordos internacionais e pressão política
Segundo Maciel, os acordos da OMC se tornaram letra morta, perdendo relevância prática, e a pressão da imprensa ou visibilidade do tema atualmente não influenciam as decisões dos EUA. Ele ressaltou que a presença na OMC, apesar de relevante no passado, hoje não garante qualquer proteção efetiva ao Brasil.
Impactos econômicos e risco de retaliação
O ex-secretário alertou que a entrada em vigor dos impostos americanos poderá causar problemas para o comércio brasileiro, especialmente porque muitos produtos têm os EUA como principal mercado. Ele ressaltou que medidas retaliatórias brasileiras, como a elevação de impostos sobre produtos americanos, podem prejudicar a indústria nacional e os consumidores brasileiros, configurando uma "tese suicida".
Recomendações para negociação e comunicação
Everardo Maciel recomendou que o governo adote uma postura de negociação silenciosa, prudente e pragmática, evitando anúncios precipitados. Ele destacou que, embora o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, esteja envolvido nas negociações, é preocupante a falta de diálogo direto entre os ministros das Relações Exteriores, Fazenda e os presidentes dos dois países.
Desafios contemporâneos na negociação
O consultor também comentou sobre as dificuldades adicionais causadas pela circulação de fake news e pressões das redes sociais, que exigem mais habilidade e humildade por parte dos negociadores. Ele questionou a efetividade da comunicação governamental diante desses desafios, sugerindo que às vezes parece haver resistência em resolver o conflito.
Possíveis medidas para setores afetados
Sobre as declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, a respeito da concessão de crédito para setores mais impactados, Maciel reconheceu que tais medidas podem ser necessárias, mas alertou para o aumento do endividamento público e a complexidade fiscal que isso implica, especialmente em ano eleitoral, quando há maior risco de irresponsabilidade política.