O setor de carne no Brasil está preocupado com a tarifa de 50% anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. De acordo com Roberto Perosa, presidente da Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC), a carne brasileira já enfrenta uma taxação de 36%, e o acréscimo anunciado torna inviável a exportação para o mercado norte-americano.

Importância do mercado dos EUA para a carne brasileira

Nos primeiros seis meses de 2025, os Estados Unidos consolidaram-se como o segundo principal destino das exportações brasileiras de carne, com 181,5 mil toneladas exportadas e receita de US$ 1,04 bilhão — um aumento de 102% em relação ao mesmo período do ano anterior.

Impactos da taxação para o mercado americano e brasileiro

Segundo Perosa, o Brasil complementa a produção de carne dos Estados Unidos, que está passando pelo menor ciclo pecuário dos últimos 80 anos. "O produtor americano está no seu menor ciclo pecuário nos últimos 80 anos e o Brasil exporta praticamente o que é utilizado na indústria americana para fazer hambúrguer, ou seja, recortes do dianteiro do boi, carnes não tão consumidas no Brasil, mas que têm importância econômica para os Estados Unidos", explicou ele.

O presidente da ABIEC ainda destacou que a taxação pode prejudicar o mercado interno norte-americano, já que grande parte da produção brasileira é empregada na indústria de hambúrguer dos EUA.

Repercussões para produtores e frigoríficos brasileiros

Durante uma coletiva de imprensa realizada em 15 de julho de 2025, após reunião com o vice-presidente Geraldo Alckmin, Perosa informou que frigoríficos brasileiros estão suspendendo a produção destinada aos Estados Unidos devido à nova taxação. Além disso, há uma preocupação com uma carga de 30 mil toneladas, avaliada em cerca de US$ 160 milhões, que já está a caminho e pode ser taxada.

Negociações em curso

Perosa afirmou que estão sendo feitas negociações com importadores norte-americanos e que também há apoio às negociações do governo federal brasileiro, destacando o trabalho do ministro Fávaro na abertura de mercados. Ele defende que seja feita uma negociação imediata para postergar o início da taxação de 50%.