Após dois anos marcados por tensões e raros momentos de colaboração, o governo busca estabelecer uma relação mais harmoniosa com o Congresso, especialmente com a troca de comando na Câmara e no Senado. Neste sábado, os parlamentares elegerão os novos presidentes das duas casas, com o deputado Hugo Motta (Republicanos-PB) e o senador Davi Alcolumbre (União Brasil-AP) como favoritos.

Expectativas e Realidade

Apesar da vontade do governo de melhorar as relações com as instituições, a realidade mostra que ambos os candidatos representam a continuidade do Centrão no comando do Legislativo, um grupo que já se aproveitou das fragilidades de governabilidade durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) em 2020, ocupando ministérios importantes e dominando as negociações orçamentárias.

Desafios do Governo Lula

O atual momento do governo de Luiz Inácio Lula da Silva não difere muito do passado recente. Com sua popularidade em declínio, Lula rapidamente se aproximou dos candidatos preferidos, na esperança de que esta aliança funcione melhor do que a anterior. Ele deverá fazer mudanças na Esplanada para acomodar o Centrão, que, por sua vez, está começando a elevar o preço de seu apoio, evidenciando a dificuldade do governo em implementar seu projeto.

Agenda Legislativa

Os candidatos, apoiados por líderes do Centrão e aliados do governo e da oposição, precisam zelar pelos interesses dos diversos grupos políticos. É provável que Motta e Alcolumbre mantenham sua firmeza na defesa dos "direitos adquiridos", especialmente em momentos de tensão entre os Poderes, como aconteceu com o bloqueio das emendas pelo ministro Flávio Dino do STF no ano passado.

Preocupações e Propostas

Dentro do Congresso, há também preocupações sobre os temas que os novos presidentes abordarão. A oposição pressiona por uma anistia aos envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro, enquanto o governo busca avançar em temas econômicos, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil.

Candidaturas Avulsas

Como de costume, algumas candidaturas sem chances reais de vitória aparecem, mas servem para aumentar a visibilidade dos postulantes, como o deputado Marcel van Hattem (Novo-RS) e o Pastor Henrique Vieira (PSol-RJ). Este último defende a necessidade de uma candidatura que reforce a defesa da democracia e se oponha à anistia de golpistas, bem como que represente grupos historicamente marginalizados.

Distribuição de Poderes

A distribuição dos cargos mais influentes no Congresso segue a lógica de que partidos com maior número de representantes ocupem posições de destaque. Na Câmara, PL e PT são os maiores partidos, seguidos pelo União Brasil, que garantirão os cargos mais desejados na Mesa Diretora.