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Fonte da imagem: https://www.otempo.com.br/content/dam/otempo/editorias/economia/2023/1/economia-industria-em-minas-gerais-medidas-para-fomentar-industria-nacional-industria-fiemg-abiquim-fdc-lula-1708500713.jpeg
Setor químico é impactado por nova tarifa dos EUA e prevê demissões
Abiquim alerta para prejuízos na cadeia produtiva e defende medidas emergenciais para minimizar efeitos da tarifa americana
A Associação Brasileira da Indústria Química (Abiquim) expressou preocupação com o decreto publicado pelo governo dos Estados Unidos no dia 30 de julho de 2025, que estabelece uma tarifa de 50% sobre diversos produtos brasileiros exportados para o país a partir de 6 de agosto de 2025.
Impactos na indústria química
Segundo André Passos Cordeiro, presidente-executivo da Abiquim, "o impacto será expressivo sobre as exportações brasileiras de produtos químicos, comprometendo cadeias produtivas, empregos e investimentos no Brasil e nos EUA". Ele destaca que o setor químico brasileiro mantém uma relação histórica e estratégica com os Estados Unidos, com forte integração produtiva e investimentos entre os dois países. Mais de 20 empresas químicas no Brasil são de capital norte-americano, atuando em diferentes segmentos.
Balança comercial e produtos afetados
Em 2024, o saldo comercial setorial entre Brasil e EUA foi favorável aos EUA, com um superávit anual próximo de US$ 8 bilhões. As exportações brasileiras de produtos químicos para os Estados Unidos somaram US$ 2,4 bilhões, sendo 82% desse valor composto por petroquímicos básicos, intermediários orgânicos e resinas termoplásticas. Dos 50 principais itens, apenas cinco produtos não serão atingidos pela nova tarifa: produtos químicos inorgânicos, silícios, alumina calcinada, óxidos, hidróxidos e peróxidos de outros metais; e alguns produtos químicos orgânicos como misturas de hidrocarbonetos aromáticos e derivados clorados saturados dos hidrocarbonetos acíclicos. Estes itens somaram US$ 697 milhões em exportações para os EUA em 2024.
Medidas e posicionamento da Abiquim
A Abiquim alerta que o restante das exportações, cerca de US$ 1,7 bilhão, será afetado pela alíquota extra de 40%, resultando em uma tarifa total de 50% a partir de 6 de agosto. Além disso, há preocupação com os efeitos indiretos da medida, pois indústrias brasileiras que fornecem insumos para setores exportadores, como móveis e têxteis, já relatam cancelamentos de pedidos por parte dos compradores norte-americanos.
A entidade apoia o esforço do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) e outras autoridades brasileiras para uma solução rápida por via diplomática e comercial. Para mitigar os impactos, a Abiquim defende a aplicação de direito provisório de defesa antidumping, reforço dos recursos para resposta rápida a desvios de comércio, devolução imediata de saldos credores de ICMS, ampliação do Reintegra para 7% e extensão para empresas de todos os portes, além da criação de novas linhas de financiamento à exportação.
Cooperação bilateral e expectativas
Em parceria com o American Chemistry Council (ACC), a Abiquim apresentou uma declaração conjunta solicitando medidas que evitem danos à integração produtiva e à resiliência das cadeias de suprimento químicas, incluindo facilitação de comércio e cooperação regulatória. O presidente da Abiquim conclui: "Nossa expectativa é que as negociações avancem com base em critérios técnicos e econômicos, distantes de motivações geopolíticas ou medidas arbitrárias, respeitando a lógica da integração produtiva entre Brasil e Estados Unidos".