Malan alerta sobre a elevação da inflação e menciona Trump: "Aqueles que forem complacentes, enfrentarão consequências nas urnas".
O ex-ministro da Fazenda afirmou que os eleitores brasileiros compreenderam que a manutenção de uma inflação baixa é uma responsabilidade que qualquer governo deve assumir.
Por Gustavo Carmo
10/11/2024 20:21 · Publicado há 1 mês
O ex-ministro da Fazenda, Pedro Malan, afirmou que a derrota do Partido Democrata nas eleições dos Estados Unidos resulta da ausência de uma política eficaz de controle da inflação durante a administração de Joe Biden. Para Malan, principal mentor do Plano Real, o presidente norte-americano foi punido pela população, que percebeu um aumento no custo de vida nos últimos anos.
Pedro Malan fez essas declarações durante o evento "30 anos da Lei das Concessões: avanços e perspectivas", organizado pelo MoveInfra nesta quinta-feira (7), em Brasília. Segundo Malan, "a inflação subiu muito na gestão Biden por conta da covid-19 e da cadeia suprimento, mas agora está abaixando, está convergindo com a meta, mas a sensação do americano médio é de que a inflação aumentou e que ele está pagando nos produtos básicos mais do que ele pagava antes da covid-19. Eles atribuem isso ao movimento Biden, que não resolveu esse assunto”.
Inflação nos Estados Unidos e Comparação com o Brasil
Em setembro, a inflação nos Estados Unidos desacelerou para 2,4%, similar ao ritmo de 2017 e 2018. No entanto, segundo o Bureau of Labor Statistics, os preços continuaram elevados. Malan comparou o cenário americano com o brasileiro, destacando que os eleitores no Brasil percebem que manter a inflação baixa é responsabilidade de qualquer governo, independentemente de sua ideologia.
Ele mencionou que "qualquer governante que tenha atitude excessivamente leniente com relação à inflação será penalizado nas urnas, como exemplo nos Estados Unidos, com penalização do Biden pelo americano médio, que votou no [Donald] Trump porque achava que eles estavam melhor no quesito inflação, carestia e custo de vida no governo Trump do que no governo Biden”.
Expectativas para a Inflação e Medidas no Brasil
De acordo com o Boletim Focus, economistas elevaram as expectativas para a inflação no Brasil de 4,55% para 4,59%. Esta projeção supera a meta de inflação deste ano, que é 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos, ou seja, até 4,5%.
O Banco Central já admitiu a possibilidade de não cumprir a meta de inflação para 2024. Conforme comunicado do Comitê de Política Monetária (Copom) divulgado na quarta-feira (6), o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) está projetado para 4,6% em 2024.
Caso essa meta não seja atingida, o novo presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, que assumirá no início de 2025, precisará justificar ao Congresso Nacional as razões para o descumprimento do objetivo fiscal durante o último ano de Roberto Campos Neto.
Nesse contexto, a equipe econômica tem se reunido com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e outros membros do governo para discutir um pacote de cortes de gastos. Segundo o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, faltam definir dois "detalhes" sobre essas medidas, o que deve acontecer nesta quinta-feira (7).