Jerome Powell afirma que a economia dos Estados Unidos demonstra que não há urgência em reduzir as taxas de juros.
De acordo com Powell, as tendências e dinâmicas atuais da economia provavelmente continuarão em vigor, pelo menos a curto prazo.
Por Gustavo Carmo
14/11/2024 21:18 · Publicado há 1 mês
O presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, afirmou na quinta-feira (14) que será necessário continuar a diminuir as taxas de juros, mas destacou que esse processo não ocorrerá de maneira rápida nos próximos meses. De acordo com Powell, as tendências atuais da economia, como a desaceleração do mercado de trabalho e a redução da inflação, devem persistir ao menos no curto prazo. Essas mudanças ocorrem em um cenário de taxas de juros ainda muito elevadas, o que pode resultar em aumento do desemprego.
Movimento em direção a uma política neutra
No evento realizado em Dallas, Powell comentou: “Estamos movendo a política ao longo do tempo para um cenário mais neutro”. Ele enfatizou que a economia não está indicando a necessidade de pressa em diminuir as taxas. Este posicionamento resultou em uma queda nas ações dos EUA após os seus comentários.
Impacto das políticas de Trump
Enquanto o Fed continua com seu ciclo de corte de juros, as políticas econômicas propostas pelo presidente eleito Donald Trump podem acarretar mudanças significativas na economia dos EUA, o que, consequentemente, influenciaria a posição do Fed sobre as taxas. A agenda de Trump pretende expandir os cortes de impostos de 2017, implementar novas isenções fiscais, limitar as taxas de juros de cartões de crédito a cerca de 10% e instituir tarifas altas — medidas que serão impulsionadas pelo novo Congresso republicano.
Avaliação dos impactos futuros
Powell indicou que os economistas do Fed possam começar a avaliar seriamente os planos de Trump e seus potenciais impactos na economia já no próximo mês. Ele ressaltou que, apesar dos efeitos ainda não estarem totalmente claros, a possibilidade de tarifas retaliatórias de outros países permanece em discussão. Powell afirmou: “Reservamos o julgamento até que realmente saibamos do que estamos falando. Não quero especular. Não quero adivinhar.”
Situação atual da inflação
Os dados de inflação de outubro não apresentaram grandes mudanças em relação ao mês anterior, nem indicaram uma recuperação nas pressões inflacionárias. De modo preliminar, as autoridades do Fed ainda não consideram os dados de outubro como indicadores de uma nova tendência. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI) registrou uma alta de 2,6% em outubro, comparado ao ano anterior, acima da taxa de 2,4% de setembro, marcando a primeira aceleração desde março.
Este aumento se deve principalmente ao 'efeito base', comparando com um período anterior em que a inflação havia caído significativamente. Na quinta-feira (14), também foi divulgado o Índice de Preços ao Produtor, que mostrou um aumento. Esses dados dão uma ideia do que o índice de preços de Despesas de Consumo Pessoal, a medida de inflação preferida do Fed, pode revelar para outubro ao final do mês.
Projeções para a inflação
No início do ano, foi necessário observar três meses consecutivos de relatórios de inflação negativos para que as autoridades do Fed reconhecessem que não havia progresso adicional, resultando na manutenção das taxas até setembro. Atualmente, a expectativa de economistas e de Powell é que a inflação continue sua tendência de queda, apesar de algumas oscilações.
Powell declarou: “Com as condições do mercado de trabalho em equilíbrio e as expectativas de inflação bem ancoradas, espero que a inflação continue a cair em direção à nossa meta de 2%, embora em um caminho às vezes acidentado.” Mesmo com relatórios de inflação que ainda preocupam, as autoridades do Fed estão focadas também na análise do mercado de trabalho dos EUA. Diminuições na contratação e aumentos no desemprego começaram a influenciar o Fed a reduzir as taxas desde setembro.
Diferença na política monetária entre os EUA e o Brasil
O contexto econômico mencionado explica por que as taxas de juros nos EUA estão diminuindo, enquanto no Brasil a tendência é de alta. Cada país enfrenta desafios econômicos e dinâmicas distintas que moldam suas políticas monetárias.