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Livro explora o dilema do fã frente aos lados 'gênio' e 'monstro' do artista
Claire Dederer discute a complexa relação entre admiração pela obra artística e condenação das ações pessoais dos criadores
"Monstros – O dilema do fã", ensaio influente da crítica cultural Claire Dederer, aborda o conflito interno de admirar uma obra de arte e ao mesmo tempo repudiar quem a criou. A autora inicia a obra com uma citação de Clarice Lispector: “Quem já não se perguntou: sou um monstro ou isto é ser uma pessoa?”, destacando a angústia de lidar com a dualidade entre o talento artístico e a moralidade do artista.
Análise dos casos polêmicos
Dederer relata sua inquietação ao assistir filmes de Roman Polanski, condenado por estupro, e comenta como continua admirando obras como "O bebê de Rosemary", apesar da biografia controversa do cineasta. Ela também discute a difícil relação dos fãs com artistas como Michael Jackson, acusado de abusos sexuais, e J.K. Rowling, criticada por sua postura transfóbica, ressaltando o impacto emocional da mácula deixada pelo comportamento dos artistas em suas obras.
Subjetividade na recepção artística
A autora rejeita a ideia de uma resposta objetiva à arte, afirmando que a forma como se responde a um trabalho artístico é subjetiva e individual. O valor da obra está diretamente ligado à emoção que ela desperta em cada pessoa. Assim, o livro se torna uma autobiografia do público, mostrando as reações pessoais diante da arte e a decepção com os criadores.
Conflito entre biografias
Dederer ressalta que o consumo artístico é o encontro entre duas biografias: a do artista, que pode interferir na percepção da obra, e a do espectador, que molda sua recepção. Ela também destaca a influência da divisão de gênero nessa discussão, apontando que uma perspectiva predominantemente masculina branca pode ter dominado a interpretação da arte por muito tempo.
Reflexões pessoais e nuances
O livro inclui reflexões da autora sobre seu próprio alcoolismo e como isso influenciou sua compreensão da monstruosidade. Dederer expressa o desejo de conciliar o amor pelo trabalho de Polanski com a condenação de seus atos, buscando entender os desejos desconfortáveis que motivam tais sentimentos.
“Monstros – O dilema do fã” está disponível no Brasil pela editora Amarcord, com tradução de Joca Reiners Terron, e conta com 384 páginas.