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Morre o bailarino e coreógrafo mineiro Décio Otero, criador do Balé Stagium
Décio Otero, importante nome da dança brasileira, faleceu aos 92 anos deixando um legado de coreografias com forte conteúdo político e social
O bailarino mineiro Décio Otero, fundador do Ballet Stagium e responsável por mais de 100 coreografias, faleceu aos 92 anos na segunda-feira, 28 de julho, em São Paulo. A companhia de dança confirmou a notícia por meio de suas redes sociais.
Legado e Homenagens
O Ballet Stagium publicou: "Sua presença iluminou nossas vidas e seu amor permanecerá em nossos corações para sempre. Que possamos encontrar conforto nas memórias que compartilhamos e na certeza de que seu legado — mais de 80 obras-primas e sua beleza — viverá em cada um de nós".
Trajetória Profissional
Além de bailarino, Décio Otero atuou como professor, diretor e autor de dois livros. Ele fundou o Ballet Stagium junto com a bailarina húngara Marika Gidali, sua companheira de arte e vida. Otero manteve uma carreira ativa na dança por mais de sete décadas.
Ele integrou importantes companhias nacionais e internacionais, incluindo o Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, onde se tornou solista em 1957, Ballet do Rio de Janeiro, Ballet du Grand Théâtre de Genebra (Suíça), e os balés das Óperas de Colônia e Frankfurt (Alemanha), onde foi primeiro-bailarino.
O artista também participou do filme musical "King", em Copenhague, e, após seu retorno ao Brasil em 1970, trabalhou com Marika Gidali no programa "Convite à dança", da TV Cultura.
Contribuições Sociais e Políticas
Fundado em 1971, durante a ditadura militar, o Ballet Stagium destacou-se por consolidar a dança como um ato político além do estético. A companhia realizou apresentações em presídios e lares para menores infratores, além de desenvolver projetos sociais para crianças em situação de vulnerabilidade.
Em 1988, o Stagium ofereceu aulas de dança para residentes das Casas de Convivência da Febem (atual Fundação Casa) e levou esses jovens para se apresentarem em locais como o Xingu, Carajás e Nicarágua.
As coreografias de Otero frequentemente abordavam temas sociais e políticos, como o espetáculo "Pantanal" (1986), que tratava da questão ecológica, e "Kuarup ou A questão do índio" (1977), que utilizava músicas originais do Alto e Baixo Xingu para reivindicar a liberdade dos povos indígenas.
Obras e Reconhecimentos
O Ballet Stagium é a companhia privada de dança mais antiga do Brasil. Entre os espetáculos de destaque estão "Coisas do Brasil" (1979), com crítica social explícita; "Batucada" (1980), que unia danças populares e clássicas; "Tangamente" (1996), explorando a latinidade; e "Adoniran" (2010), com coreografias baseadas na MPB.
Décio Otero também escreveu dois livros: "Stagium: As paixões da dança" (1999), sobre a trajetória da companhia, e "Marika Gidali – Singular e plural" (2001), que trata da vida e obra de sua parceira artística.
Vida Pessoal e Prêmios
Natural de Ubá, Minas Gerais, Décio Otero nasceu em 15 de julho de 1933 e iniciou seus estudos em dança aos 17 anos, no Ballet de Minas Gerais, em Belo Horizonte. Na cidade, conviveu com o casal Angel e Klauss Vianna, figuras importantes da dança brasileira.
Ao longo de sua carreira, recebeu vários prêmios, como o Prêmio Governador do Estado de São Paulo (1961), prêmios da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA) em 1974, 1977 e 1979, e a Ordem do Mérito Cultural em 2005.