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Em "Filha", Manoela Sawitzki revisita relação com pai violento
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Em "Filha", Manoela Sawitzki revisita relação com pai violento

Escritora gaúcha explora sua infância e adolescência para narrar experiência com figura paterna autoritária e abusiva no livro lançado pela Cia das Letras

Por Admin

21/07/2025 03:00 · Publicado há 1 dia
Categoria: Outros

Quando o pai da escritora gaúcha Manoela Sawitzki faleceu em 2011, vítima de câncer aos 74 anos, ela se deparou com uma contradição emocional profunda: como sentir a perda de alguém que, por grande parte da vida, foi visto como inimigo e desejado a ausência? O livro "Filha", lançado pela Companhia das Letras, é a resposta de Manoela, ou Manu, como a protagonista é chamada, a essa questão. Trata-se de um acerto de contas da autora com o pai que a oprimiu na infância, a agrediu na adolescência e, já na fase adulta, a tratou como "a florzinha do meu jardim", mas que também revela complexidades além desse quadro.

Contexto e estrutura do livro

Em 120 páginas concisas, Manoela explora como experiências violentas são elaboradas e destaca a especificidade das agressões direcionadas às mulheres, inclusive aquelas praticadas entre elas. Ela também revela a cumplicidade da mãe no comportamento abusivo do pai, um passo importante em sua busca por autonomia em relação à dinâmica familiar. A narrativa é marcada por uma linguagem precisa e sóbria, sem traços de autopiedade, como exemplificado na passagem dramática em que a porta do banheiro é arrombada para que o pai continue a agredi-la.

Processo de criação e abordagem ética

O projeto do livro começou em 2012, enquanto Manoela cursava mestrado em literatura. Estimulada pela orientadora, ela optou por transformar seu projeto acadêmico em um romance. A necessidade de revisitar a história surgiu no contexto do luto pelo pai, envolvendo a complexidade de sentimentos contraditórios. A obra é dividida em partes, sendo "Filha" a primeira, seguida por "Vinco", publicado anteriormente. A autora destaca que o livro representa sua versão subjetiva da história familiar e que houve resistência e choques entre os familiares, especialmente entre os irmãos, devido a diferentes percepções do pai.

Reflexões sobre memória e violência

Ao longo do livro, os personagens próximos a Manu e sua cidade natal são identificados apenas pelas iniciais, uma estratégia para proteger a privacidade dos envolvidos. Manoela enfrentou conflitos éticos ao expor a dinâmica familiar violenta, respeitando a identidade dos irmãos e limitando a narrativa à sua própria experiência com o pai. Ela aborda ainda o papel da mãe como vítima e cúmplice, o machismo estrutural, e a complexidade do amor por alguém que foi violento, questionando se a animosidade deve ser eterna.

Estilo e impacto emocional

A autora optou por uma linguagem que desdramatiza os episódios de violência, utilizando humor e concisão para transmitir as situações sem excessiva carga dramática. A passagem mais difícil de escrever foi a que descreve a agressão física, sintetizada de forma precisa e dolorosa. A fotografia da porta arrombada, que Manoela descobriu entre fotos da família, simboliza a intensidade das agressões sofridas. Ela reconhece a influência da infância traumática sobre sua vida, mas defende a possibilidade de sobrevivência e cura, sem replicar as estratégias do opressor.

Perspectivas futuras

Manoela menciona a vontade de continuar escrevendo, com planos para um livro autoficcional inspirado em sua experiência nos Estados Unidos, na Universidade de Harvard. Ela expressa interesse em explorar outras fases da vida, como sua mudança para Porto Alegre e os desafios da vida estudantil, embora ainda se sinta insegura quanto a esses temas. A autora mantém o compromisso de seguir produzindo literatura, refletindo sobre a complexidade da memória e da experiência pessoal.

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