Em fevereiro deste ano, a Nação Zumbi retornou a Belo Horizonte para dois shows na Autêntica, ambos com lotação esgotada, celebrando os 30 anos do álbum "Da lama ao caos" (1994). A plateia, composta tanto por fãs antigos quanto por uma nova geração que recentemente conheceu a produção da banda, evidenciou a perenidade do legado do grupo, referência do movimento Mangue.

Produção e Direção

Estreando em 18 de julho no Canal Brasil, a minissérie documental "Nação Zumbi – No movimento das marés", dirigida por Aquiles Lopes e Leo Crivellare, é especialmente voltada para esse novo público que busca conhecer a trajetória da banda. A produção inclui entrevistas com os integrantes da banda, além de músicos e artistas pernambucanos da mesma época, com imagens captadas em Recife e Olinda.

Contexto Histórico e Musical

A atual formação da Nação Zumbi tem sete integrantes, mas apenas Jorge Du Peixe (vocal), Dengue (baixo) e Toca Ogan (percussão) são remanescentes da formação original, que era composta por oito membros sob a liderança de Chico Science (1966-1997). A banda ganhou destaque nacional pela mistura inovadora entre maracatu, guitarra, percussão intensa, elementos de hip hop e coco, e letras que expunham a cultura nordestina para o Brasil e o mundo.

Conteúdo dos Episódios

Cada episódio da minissérie leva o nome de uma canção da banda e busca explicar tanto a música quanto o contexto brasileiro da época. O primeiro episódio, "Hoje, amanhã e depois", traz a fase com Chico Science e inclui relatos como o do baixista Dengue, que admite: "Nós éramos péssimos", referindo-se às gravações do primeiro álbum, feitas no estúdio Nas Nuvens, no Rio de Janeiro, com produção de Liminha.

A gênese do manguebeat é explorada com a participação de figuras como Fred 04, do Mundo Livre S/A, e Paulo André, fundador do festival Abril Pro Rock. A morte de Chico Science, em acidente de carro entre Olinda e Recife, é relatada pelos integrantes da banda.

Trajetória Pós-Chico Science

O segundo episódio, "Um sonho", aborda a continuidade da banda após a perda de Chico Science, incluindo os álbuns lançados nesse período, como "Radiola NZ" (2017), composto por regravações. O episódio também fala das carreiras paralelas dos integrantes e das saídas de Pupillo (baterista, 2018) e Lúcio Maia (guitarrista, 2022).

Origem e Legado

O último episódio, "Meu maracatu pesa uma tonelada", retorna às raízes da banda, destacando a importância da música na vida dos integrantes e a influência da Nação Zumbi, com depoimentos de nomes como Charles Gavin, Bi Ribeiro, Edgard Scandurra e Marcelo D2. A produção, em grande parte filmada durante a pandemia, termina com imagens da banda em show no Marco Zero, em 2024.

Exibição

"Nação Zumbi – No movimento das marés" é uma minissérie documental em quatro episódios. A estreia ocorreu em 18 de julho, às 19h30, no Canal Brasil, com novos episódios às sextas-feiras no mesmo horário, e reprises aos sábados às 13h30 e domingos às 9h.