Nesta quinta-feira (3/7), o projeto Sábados Feministas realiza um bate-papo especial na Academia Mineira de Letras, em Belo Horizonte, reunindo a diretora Elza Cataldo e a produtora Elisa Tolomelli para discutir o papel e a presença das mulheres no cinema nacional.

Trajetória e Protagonismo Feminino

O evento destaca a trajetória de Eva Nil, atriz e fotógrafa que simboliza o apagamento da participação feminina na história do cinema brasileiro. Natural do Egito, Eva Nil se estabeleceu em Cataguases (MG) e atuou em diversos filmes amadores ao lado de seu pai e do cineasta Humberto Mauro. Ela foi protagonista de curtas-metragens como “Valadião, o Cratera” e “Na primavera da vida”, além de ter fundado uma produtora independente, produzindo obras inovadoras como “Senhorita agora mesmo”, que tinha uma mulher forte como personagem central.

Inspiração e Novas Perspectivas

O interesse de Elza Cataldo pela história de Eva Nil resultou no documentário “O silêncio de Eva”, atualmente em exibição em festivais. Elza, que realiza um resgate histórico com olhar sensível sobre figuras femininas, também está envolvida em outros projetos como “As órfãs da rainha”, que conta a trajetória de meninas portuguesas enviadas ao Brasil no século 18, e “O Levante da Bela Cruz”, que aborda a revolta de escravizados em Minas Gerais, além de já planejar um filme sobre D. Maria I.

Desafios no Setor Audiovisual

Durante o encontro, Elza Cataldo compartilha desafios enfrentados pelas mulheres no audiovisual, que vão desde a produção dos filmes até as dificuldades para distribuição e acesso ao público: "Hoje, a gente batalha muito para produzir o filme. Depois de pronto, começa uma nova luta para distribuir nas salas de cinema e, por fim, colocá-lo nas plataformas. Não acaba nunca".

O Olhar Feminino e o Ambiente de Trabalho

Para Elza, o chamado olhar feminino no cinema se traduz em sensibilidade e acolhimento, características que podem ser adotadas por qualquer pessoa, independentemente do gênero. "É isso que acredito ser o olhar feminino. Um olhar mais sensível e acolhedor, que não se limita à mulher – homens também podem ter o olhar feminino ao contar suas histórias. E quando há essa perspectiva, o ambiente de trabalho muda, torna-se mais acolhedor, sem gritarias e sem assédios", conclui a diretora.

Sobre o Evento

O bate-papo “Dirigir, produzir cinema: As aventuras de duas mulheres intrépidas” ocorre nesta quinta-feira (3/7), às 19h, na Academia Mineira de Letras, em Belo Horizonte. A entrada é gratuita e aberta ao público interessado em cinema, cultura e questões de gênero.