O Brasil fará a análise de sementes de quatro espécies que serão levadas para o espaço na Missão NASA Crew-11. O lançamento acontecerá nesta sexta-feira (1º), às 12h43 (horário de Brasília), no Kennedy Space Center, na Flórida (EUA), a bordo da cápsula Dragon da SpaceX, que também transportará a tripulação-11 no foguete Falcon 9.

Seleção das sementes e missão

Pesquisadores da Embrapa e da Universidade da Flórida, integrantes da Rede Space Farming Brazil, selecionaram as espécies enviadas. As sementes, fornecidas pela Universidade da Flórida, permanecerão na Estação Espacial Internacional (ISS) por sete dias antes de retornarem à Terra com a tripulação-10 (Crew-10). O material faz parte da carga útil "World Seeds", uma coleção de sementes de 11 países de cinco continentes, enviada para a ISS pela Jaguar Space para fins de pesquisa.

Desafios e escolha das espécies

Segundo Alessandra Fávero, pesquisadora da Embrapa Pecuária Sudeste e coordenadora da Rede Space Farming Brazil, o espaço limitado para transporte exigiu uma escolha estratégica das sementes. O material será transportado em um tubo de oito centímetros de altura por 1,2 centímetros de diâmetro, o que impossibilitou o envio de certas sementes, como grão-de-bico e mudas de batata-doce. Devido à falta de tempo para envio do material brasileiro, a Universidade da Flórida disponibilizou sementes de seu banco para os pesquisadores brasileiros.

Foram selecionadas sementes menores de cultivos importantes para o Brasil: grama-batatais (Paspalum notatum), morango (Fragaria x ananassa) e duas espécies de orquídeas (Epidendrum nocturnum e Dendrophylax porrect).

Objetivos da pesquisa

Durante o período na ISS, onde as sementes estarão expostas à microgravidade, espera-se que ocorram mutações que podem gerar características benéficas para o desempenho das plantas na Terra. Os pesquisadores da Rede Space Farming Brazil farão avaliações para compreender melhor o comportamento dessas sementes no ambiente espacial.

Para a grama, o estudo visa identificar plantas que não produzam flores nem sementes, o que reduz a necessidade de manejo e aumenta a segurança em aeroportos ao diminuir atrativos para aves e outros animais. No caso do morango, o Brasil ainda depende de mudas importadas, o que encarece a produção e dificulta a expansão do cultivo. A pesquisa pretende estudar os efeitos do ambiente espacial nas sementes para melhorar a produção nacional. Para as orquídeas, o objetivo é observar se o ambiente da ISS pode gerar flores diferentes.

Missão Jaguar Space e perspectiva científica

A missão analisará como as sementes reagem ao ambiente espacial antes da germinação, focando na ativação de genes e vias metabólicas essenciais. Esse estudo pode gerar avanços para a agricultura tanto em missões espaciais quanto na Terra, contribuindo para a preservação de sementes e a inovação agrícola.

Além do Brasil, a missão levará sementes de Argentina, Armênia, Costa Rica, Egito, Guatemala, Índia, Maldivas, Nigéria e Paquistão. A hipótese é que a exposição à microgravidade induza o surgimento de novas vias moleculares nas plantas, com impactos no crescimento, resposta ao estresse e aplicações em ecossistemas.