O fotógrafo autônomo Nuremberg José Maria passou a noite entre domingo (10) e segunda-feira (11) em um corredor do Hospital João XXIII, em Belo Horizonte, aguardando uma vaga para internação no Sistema Único de Saúde (SUS). Ele foi vítima de uma bomba lançada por torcedores do Atlético-MG após a partida final da Copa do Brasil contra o Flamengo, na Arena MRV, localizada na capital mineira. O profissional de 67 anos sofreu a fratura de três dedos, rompimento de tendões e uma laceração no pé direito. Seu calçado foi completamente destruído.

Após horas de espera, Nuremberg foi internado nesta segunda-feira (11) no Hospital Maria Amélia Lins, em Belo Horizonte. Sua esposa, Cristiane Xavier dos Santos, informou que ele permanecerá internado até que os médicos decidam entre prosseguir com tratamento conservador ou realizar uma cirurgia. "Ele está bem, sem dor, pois foi medicado. Seu pé está imobilizado e ainda não há previsão de alta porque o médico solicitou que ele fique mais três dias internado para que a medicação faça efeito e para decidir sobre a necessidade de cirurgia", mencionou Cristiane à Itatiaia.

Nuremberg José Maria trabalha como fotógrafo autônomo e não possui plano de saúde privado. Em um vídeo cedido à Itatiaia pelo jornalista Leonardo, durante atendimento no Hospital João XXIII, Nuremberg relembra o ocorrido: "Algumas pessoas soltaram quatro bombas próximo de mim. Eu estava bem perto da torcida. Não pretendo mais ir ao estádio. Minha família era contra, agora é certeza que não me deixarão ir. Guardei meu tênis para fazer um Boletim de Ocorrência", declarou.

Enquanto cobria a final da Copa do Brasil, o fotógrafo foi atingido por uma bomba no pé direito logo após a vitória do Flamengo no estádio do Atlético-MG. No tumulto, Nuremberg perdeu seus óculos, comprados recentemente por R$ 600. "Meus óculos desapareceram. Comprei há cerca de 30 dias por R$ 600", lamentou.

O equipamento fotográfico de Nuremberg caiu durante o ataque, mas foi devolvido por colegas enquanto ele recebia atendimento na Arena MRV. Ele precisará avaliar se a câmera e as lentes sofreram danos. "Uma pessoa bondosa recolheu meu equipamento quando a bomba explodiu e entregou tudo ao Corpo de Bombeiros", relatou.

Trabalhando há muitos anos na cobertura de esportes e categorias de base, Nuremberg tem uma grande dedicação à profissão. "Foi a primeira vez que ocorreu algo deste tipo. Enquanto meus equipamentos foram devolvidos, meus óculos são fundamentais. Ele é autônomo, possui seu canal, e ficará sem poder trabalhar por dois ou três meses. Quem arcará com essa despesa?", questionou Cristiane.

Resposta do Clube e da Associação

O Atlético-MG lamentou o incidente, condenou a atitude da torcida e anunciou que prestará assistência ao fotógrafo, que atuava na Arena MRV. A Associação dos Repórteres Fotográficos e Cinematográficos de Minas Gerais (ARFOC-MG) repudiou o ato e expressou preocupações com a segurança dos profissionais durante o trabalho no estádio.

Na súmula, o árbitro Raphael Claus registrou que bombas foram lançadas em direção ao campo aos 9, 49, 50 e 52 minutos de partida, além de copos jogados por parte da torcida anfitriã aos 6, 45, 51 e 82 minutos.

"A ARFOC-MG expressa seu veemente repúdio aos eventos ocorridos na Arena MRV durante a final da Copa do Brasil entre Atlético-MG e Flamengo. Mais uma vez, fotógrafos e outros profissionais de imprensa presentes no jogo foram alvos de atos violentos. A integridade física de todos, sem exceção, foi colocada em risco, incluindo a dos seguranças do estádio. Os associados da ARFOC-MG, ARFOCs Rio, São Paulo e demais profissionais foram atingidos por bombas, copos de cerveja, refrigerante e água, jogados por torcedores. Um associado teve seu banco quebrado pela explosão e os equipamentos danificados", relatou a associação.