Com o câncer de pênis sendo considerado um tipo raro de tumor, o Brasil ainda apresenta índices preocupantes. Dados da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), em conjunto com o Ministério da Saúde, indicam que entre 2015 e 2024 ocorreram mais de 22,2 mil internações, 4,5 mil mortes e cerca de 580 amputações anuais, conforme divulgado neste sábado (1º).

Contexto do Problema

A maioria das vítimas é composta por homens que residem em regiões com menor acesso à informação e cuidados preventivos. O urologista Alexandre Cavalcante, coordenador do departamento de urologia do Hospital Sírio-Libanês, ressalta: "O diagnóstico precoce é essencial para reduzir as taxas de amputação e mortalidade, mas muitos pacientes buscam tratamento apenas quando a doença já está em estágio avançado, frequentemente devido à falta de acesso à saúde, vergonha ou desconhecimento".

Casos e Mortalidade

Os estados com maior número de casos de neoplasias malignas de pênis são: São Paulo, com 4.855 casos; Minas Gerais, com 2.777 casos; e Bahia, com 1.592 casos. Em relação aos óbitos, São Paulo também lidera com 724, seguido por Minas Gerais com 426 e Bahia com 407. Além disso, São Paulo tem o maior número de amputações (1.110), seguido por Minas Gerais (861) e Bahia (308).

Políticas de Prevenção

Segundo os especialistas, uma política eficaz deve incluir campanhas de conscientização sobre a importância da higiene adequada e orientações para que os homens procurem atendimento médico ao notar lesões genitais que não cicatrizam ou aumentam de tamanho.

Consequências da Cirurgia

A penectomia total, a remoção do pênis, é uma medida extrema adotada para casos avançados da doença. Esta cirurgia pode resultar em sérias consequências físicas e emocionais, como dificuldade para urinar e perda da função sexual. O oncologista José Maurício Mota menciona que os pacientes e suas famílias devem receber apoio psicológico e orientação para enfrentar as mudanças após o procedimento.

Fatores de Risco e Diagnóstico

Principais fatores de risco incluem higiene inadequada, fimose não tratada, infecção por HPV, tabagismo e condições socioeconômicas precárias. O HPV, em particular, é um fator determinante, e apesar da vacinação gratuita para crianças de 9 a 14 anos, o acesso para adultos é limitado devido ao custo. Sintomas que precisam de atenção imediata incluem feridas que não cicatrizam, sangramento e secreções com mau cheiro.

A Importância da Prevenção

Os médicos enfatizam que a prevenção é a chave: medidas como a higiene adequada, tratamento da fimose e vacinação contra o HPV são essenciais para evitar o câncer de pênis. "O diagnóstico precoce, que começa com o autocuidado e a identificação de lesões ainda pequenas, pode prevenir muitas amputações", conclui o oncologista.