O grupo teatral paulista Esparrama estreia sua primeira temporada em Minas Gerais com os espetáculos "Acorda!" e "Fim?" no CCBB de Belo Horizonte. As peças discutem a ocupação urbana e questões ambientais, adaptando temas sérios para o universo infantil. As apresentações ocorrem de sexta a segunda-feira, até 4 de agosto, com ingressos a R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia-entrada).

Sobre a companhia e a abordagem artística

Formado por Lígia Campos, Kleber Brianez e Rani Guerra, palhaços com mais de duas décadas de carreira, e sob direção de Iarlei Rangel, o Esparrama desenvolve um processo que o diretor chama de "antropologia da infância". As obras dialogam diretamente com o público infantil, incorporando sua visão de mundo quanto à vida, à cidade e aos adultos.

Segundo Iarlei, "A criança vive um momento peculiar de desenvolvimento e, nesse processo, cria cultura, linguagem e imagens de mundo que são fundamentais para que nós, adultos, possamos entender outras formas de relação com a realidade".

Detalhes dos espetáculos

"Acorda!", vencedor do Prêmio APCA de Teatro Infantojuvenil 2024, será encenado no pátio do CCBB-BH. Inspirado no “teatro de janela” desenvolvido pelo grupo em São Paulo, o espetáculo questiona a relação entre crianças e cidade. O diretor destaca: "Inauguramos essa linguagem quando percebemos que a cidade não é feita para as crianças. Que cidade é essa que não acolhe as infâncias?".

A dramaturgia foi construída a partir de caminhadas pelo Centro de São Paulo, que estimularam o público a imaginar quem vive atrás das janelas das construções urbanas e quais histórias poderiam emergir desse cenário. Na peça, três palhaços buscam despertar construções "adormecidas" que não cumprem função social. Para a apresentação em Belo Horizonte, foram feitas adaptações técnicas ao espaço.

Já "Fim?", criado em 2015, tem como inspiração a tragédia do rompimento da barragem de Fundão, em Mariana, além de outras catástrofes daquele ano. "Ficamos muito tocados com essa situação. Era um momento em que muitas coisas estavam acontecendo no mundo, e pensamos: é isso que está nos atravessando como artistas. Precisamos conversar com as crianças sobre isso", relata o diretor.

O espetáculo acompanha dois palhaços em um mundo pós-catástrofe, enfrentando lixões, campos minados e barragens rompidas, até encontrarem um local fértil para plantar a última semente de esperança.

Proposta e convite para todas as idades

Iarlei Rangel destaca que a troca entre gerações é central nas peças do Esparrama. "As crianças se divertem muito, mas os adultos também. No fim, é uma euforia só". Ele explica que a criança não vai ao teatro sozinha, mas acompanhada da família, por isso as obras oferecem múltiplas camadas de sentido e diversão para públicos de todas as idades. "Isso permite que o diálogo continue depois, com cada um elaborando a experiência a partir da própria percepção."

O grupo apresenta os espetáculos "Fim?", sempre às 19h, e "Acorda!", às 15h, de sexta a segunda, até 4 de agosto, no CCBB-BH (Praça da Liberdade, 450 – Funcionários). Os ingressos custam R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) e estão disponíveis na bilheteria e no site do centro cultural.