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Dirigentes do Fed analisaram as propostas de Trump em 2016 e anteciparam uma política monetária austera.

Dirigentes do Fed analisaram as propostas de Trump em 2016 e anteciparam uma política monetária austera.

Jerome Powell será o principal responsável por determinar o rumo da política monetária dos Estados Unidos nos primeiros 16 meses do próximo mandato do republicano.

Por Gustavo Carmo

11/11/2024 17:09 · Publicado há 1 mês

Algumas semanas após a eleição de Donald Trump em 2016, membros do Federal Reserve começaram a avaliar os efeitos das promessas do republicano, como cortes de impostos e tarifas, na economia. Estimativas preliminares indicavam que, possivelmente, seria necessário elevar os juros para controlar a inflação. Jerome Powell, à época diretor do Fed e agora presidente, teria a tarefa de direcionar a política monetária dos EUA nos primeiros 16 meses do mandato seguinte de Trump. O ex-presidente derrotou a vice-presidente Kamala Harris na eleição da última terça-feira (5) e assumirá em janeiro de 2025.

Impacto dos Cortes Fiscais

Transcrições da reunião do Fed em 13 e 14 de dezembro de 2016, antes da posse de Trump, mostram Powell afirmando que, devido à “postura fiscal expansionista” do novo governo, era provável a necessidade de uma política monetária mais rígida. Naquela reunião, o Fed aumentou a taxa de juros pela primeira vez desde o dezembro anterior. Esse aumento havia sido planejado antes da vitória de Trump sobre Hillary Clinton. No entanto, por vários motivos, as autoridades aceleraram as previsões de altas de juros para 2017, realizando três aumentos em doze meses, ao invés dos dois previstos antes da eleição de Trump.

Desafios Atuais

O Fed enfrenta agora um cenário igualmente incerto e uma possível tensão com um segundo governo Trump, enquanto avalia a redução dos juros sem deixar a inflação escapar do controle. As propostas econômicas recentes de Trump ecoam as de 2016 — cortes de impostos, tarifas e uma política de imigração mais restritiva. No entanto, elas impactarão uma economia em diferente estado, com desafios inflacionários persistentes. Neel Kashkari, presidente do Fed de Minneapolis, mencionou em entrevistas o risco de impacto de deportações em massa sobre alguns negócios. Ademais, o aumento das tarifas de importação pode provocar reações de outros países, potencialmente elevando preços.

Kashkari afirmou que será necessário aguardar para ver quais medidas serão efetivamente implementadas. A inflação foi uma questão chave na campanha de Trump contra Kamala, mas agora ele encara a difícil tarefa de cumprir promessas econômicas expansivas sem incentivar novamente a alta dos preços, num contexto de economia operando perto ou acima da capacidade. Em 2016, a atividade econômica sofria com a baixa oferta de mão de obra. Atualmente, enfrenta-se uma escassez de trabalhadores, com a produção acima das estimativas de potencial e o Fed atento a sinais de aumento da pressão inflacionária.

Próximos Passos

Em entrevista ao público na quinta-feira passada (7), Powell indicou que a eleição de Trump não influiria “a curto prazo” na política monetária. Se 2016 servir como referência, previsões iniciais sobre o efeito de tarifas, cortes de impostos e perda de trabalhadores estrangeiros nas perspectivas econômicas serão apresentadas na próxima reunião do Fed, marcada para 17 e 18 de dezembro. Embora relutantes em discutir os planos de Trump, as autoridades podem já estar reconsiderando a velocidade e a magnitude dos cortes de juros no ano seguinte. Isso poderia colocá-las em conflito com o novo governo, caso as políticas de Trump sejam percebidas como um aumento nos riscos inflacionários que o Fed tenta conter há mais de dois anos.

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