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Sonatas de outono no coração mineiro
Órgãos musicais centenários de cidades históricas de Minas Gerais dão vida a concertos e eventos culturais que celebram a rica tradição barroca local
O período da quaresma e da semana santa, emoldurado pelas cores do outono, revela com arte e beleza a alma cultural de Minas Gerais. Nas cidades coloniais do interior, destaca-se a imponente arquitetura das igrejas, onde os sons dos órgãos barrocos ressoam, embalando cerimônias religiosas e concertos que encantam moradores e visitantes.
Instrumentos históricos de Tiradentes e Diamantina
Em Tiradentes, na Região do Campo das Vertentes, o órgão de tubos da Matriz Santo Antônio, com cinco metros de altura e caixa em estilo rococó, é um dos destaques. Adquirido em 1785 na cidade do Porto, Portugal, e transportado para a Vila de São José do Rio das Mortes em 1788, o instrumento é parte viva da história local. No dia 29 de março, está programado um concerto especial na Matriz Santo Antônio, com show de luzes e narração gravada pelo ator Paulo Goulart, além da participação das musicistas Salomé Viegas e Maria Amélia Viegas. Também há apresentações regulares da Banda Ramalho às sextas e sábados.
Já em Diamantina, no Vale do Jequitinhonha, o órgão construído entre 1782 e 1787 pelo padre Manoel de Almeida e Silva é o mais antigo instrumento desse tipo feito integralmente no Brasil. Após mais de 70 anos em silêncio, foi restaurado e voltou a funcionar em 2014. Desde então, integra as atividades da Venerável Ordem Terceira do Carmo, participando de missas, novenas, concertos e visitas guiadas, com o organista titular Evandro Archanjo. O primeiro organista foi o famoso Lobo de Mesquita, que atuou até 1794.
A restauração do órgão da Catedral de Mariana
A Catedral Basílica Nossa Senhora da Assunção, em Mariana, abriga desde 1753 um raro órgão alemão Arp Schnitger, do início do século 18, único fora da Europa. Atualmente, o instrumento encontra-se em processo de restauração, com peças enviadas para reparos na Espanha. Espera-se que o órgão, que está silencioso há quase uma década, volte a tocar em dezembro. O reitor e pároco da Sé, padre Geraldo Dias Buziani, e a organista Josinéia Godinho esperam com entusiasmo essa retomada.
Preservação do patrimônio cultural e memórias locais
Além dos órgãos, outras iniciativas reforçam a valorização da história e cultura mineiras. Em Cachoeira do Campo, distrito de Ouro Preto, a comunidade acompanha a reabertura da Casa da Cultura, no antigo Solar Pedrosa, que abriga um memorial e exposições sobre eventos históricos locais, como a Revolta de Filipe dos Santos e a Guerra dos Emboabas. A preservação da arquitetura colonial também é tema importante, como o caso da Matriz Nossa Senhora da Conceição, em Piranga, demolida em 1966, cuja memória permanece viva em registros para evitar futuras perdas do patrimônio cultural.
Outros destaques culturais
O frei Evaldo Xavier Gomes, ligado a Ouro Preto e conhecido pela atuação em Belo Horizonte, foi recentemente nomeado membro titular do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo. Em Diamantina, a TV UFMG lança o documentário "Passos de uma casa", sobre a Casa da Glória, monumento arquitetônico de destaque na cidade, que permanece em obras desde 2020. Também estão abertas inscrições para o curso gratuito e online "Bibliotecas: memória do mundo", promovido pelo governo de Minas e parceiros, para estimular o conhecimento e a preservação da cultura local.