O Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa) comunicou nesta quarta-feira (23) a revogação da decisão judicial que permitia, de forma parcial, a retomada da fabricação e venda da ração Nutratta, responsável pela morte de 284 cavalos. Com essa decisão, volta a valer a suspensão determinada pelo Mapa, que proíbe a produção de rações para todas as espécies animais até que a empresa comprove a correção das irregularidades detectadas pela fiscalização, o que ainda não ocorreu.

Investigação e Crescimento das Mortes

Desde o início das investigações, em 26 de maio, o número de mortes tem aumentado semanalmente, passando de 122 para 284 casos. Conforme apurado pelo Mapa, a contaminação foi causada por falhas no controle da matéria-prima, que continha resíduos de plantas do gênero Crotalaria. Essas plantas apresentam alcaloides pirrolizidínicos, como a monocrotalina, substância altamente tóxica para os animais.

Esses alcaloides, proibidos nas formulações de rações, aparecem apenas em casos de uso indevido de matérias-primas ou contaminação de ingredientes autorizados. Consideradas hepatotóxicas, essas substâncias alteram o DNA celular e provocam danos no fígado, com efeitos variando conforme dose, tempo de exposição e condição do animal.

Procedimentos do Ministério da Agricultura

O Mapa aguarda os resultados de análises de outros lotes de rações e matérias-primas para decidir os próximos passos da investigação. A pasta permanece vigilante a novas denúncias e afirma que manterá a sociedade informada com total transparência.

O caso teve início com uma denúncia recebida em 26 de maio através do canal Fala.BR, referente a mortes de cavalos em São Paulo. Fiscais do Mapa visitaram uma propriedade em Elias Fausto (SP) no dia 30 de maio e identificaram suspeita na ração fornecida. Inspeções na fábrica da Nutratta, entre 2 e 4 de junho, revelaram falhas nos processos de produção e controle de qualidade.

Novas Denúncias e Medidas Adicionais

Desde então, outras denúncias foram registradas e, em todas as propriedades investigadas, os equinos afetados consumiram produtos da Nutratta. Animais que não consumiram a ração permaneceram saudáveis mesmo quando alojados nos mesmos ambientes.

Em decorrência disso, o Mapa emitiu alerta para suspensão imediata do consumo das rações da empresa. Em 25 de junho, análises laboratoriais confirmaram a presença de monocrotalina, substância tóxica proibida para equídeos. O Ministério instaurou processo administrativo, mantém as investigações e continua recolhendo os lotes contaminados.

Posicionamento da Empresa

Desde o início do recolhimento, a TV Sim Brasil tentou contato com a defesa da Nutratta, porém não obteve retorno. O espaço permanece aberto para manifestação.

Antes da suspensão do consumo e recolhimento dos produtos, a empresa divulgou em seu site uma nota lamentando as perdas dos animais.