{{noticiaAtual.titulo}}

Fonte da imagem: https://midias.em.com.br/_midias/jpg/2025/03/02/520x405/1_59facb40_f356_11ef_8c03_7dfdbeeb2526-47447706.jpg?20250302110456?20250302110456
'Orfeu Negro': a vez que o Brasil 'ganhou' o Oscar, mas não levou
Um olhar sobre o icônico filme que conquistou o Oscar de melhor filme estrangeiro em 1960, mas teve o reconhecimento destinado à França.
O grande sucesso internacional Orfeu Negro, que ganhou o Oscar em 1960, se passa no Rio de Janeiro, é em português e tem músicas de Tom Jobim, Vinicius de Moraes e outros brasileiros.
História e Produção
O filme se passa no Rio de Janeiro e a história é narrada em português brasileiro, utilizando músicas de compositores renomados como Tom Jobim (1927-1994), Luiz Bonfá (1922-2001), Vinicius de Moraes (1913-1980) e Antônio Maria (1921-1964). Embora a produção seja brasileira, oficialmente Orfeu Negro é classificado como ítalo-franco-brasileiro. Isso levanta a questão sobre o reconhecimento do Brasil no contexto da premiação do Oscar, que, até 2025, nunca ganhou um Oscar.
O Oscar de 1960
É importante esclarecer que o Oscar de melhor filme estrangeiro de 1960 foi concedido à França, uma vez que a principal produtora foi a Dispat Films, que teve uma participação maior que a italiana Gemma Cinematografica e a brasileira Tupan Filmes. O produtor responsável, Sacha Gordine (1910-1968), era francês de origem russa. Assim, a França foi o país que inscreveu o filme para concorrer ao Oscar.
Creditação e Coprodução
O professor de cinema Cao Quintas explica que "em relação a coproduções, normalmente o coprodutor majoritário indica o produtor delegado do filme, que passa a ser responsável por qualquer aspecto ligado à obra". No caso de Orfeu Negro, Sacha Gordine foi o delegado, e a França foi responsável por indicar o filme ao Oscar.
Contexto Cultural e Recepção
O filme tem profundas ligações com a cultura brasileira. A obra é baseada na peça Orfeu da Conceição, escrita por Vinicius de Moraes em 1954, que reinterpreta a história de Orfeu e Eurídice no contexto de uma favela carioca durante o carnaval. O diretor francês Marcel Camus adaptou a peça para o cinema, criando um filme que, apesar de seu sucesso, levanta questões sobre representações estereotipadas do Brasil.
Críticas e Impacto
Embora tenha sido um marco na cultura brasileira, o filme foi criticado por retratar um Brasil exótico e romantizado. Para alguns críticos, como o cineasta Luiz Bolognesi, Orfeu Negro é uma obra que não representa um Brasil real, mas sim um Brasil idealizado para o olhar estrangeiro. Ele sugere que a história poderia ser vista como um exemplo de apropriação cultural.
Legado do Filme
Apesar das controvérsias, Orfeu Negro teve um impacto significativo na autoestima cultural dos brasileiros. O filme trouxe à luz a música e a arte brasileiras, inspirando novas gerações e ajudando a valorizar a cultura afro-brasileira.