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Fonte da imagem: https://www.otempo.com.br/content/dam/otempo/editorias/parceiros/webterra/2025/4/policia-civil-abre-inquerito-para-investigar-crime-barbaro-de-violencia-sexual-contra-mulher-em-capitao-eneas.jpeg
Policial sofre perseguição de colegas após denunciar importunação sexual em Minas Gerais
Denúncias feitas por policiais civis resultam na demissão do suspeito, mas vítima enfrenta críticas e retaliações dentro da instituição
Uma policial civil de Minas Gerais enfrenta perseguição e críticas por parte de colegas após denunciar importunação sexual cometida por um investigador da mesma corporação. O caso, que resultou na demissão do suspeito a pedido da Justiça, expõe uma cultura de revitimização e assédio dentro da Polícia Civil do estado.
Relato da Vítima e Perseguição
A vítima, que preferiu permanecer anônima, denunciou o crime ocorrido em dezembro de 2023. Após a condenação do investigador, que recebeu pena de sete anos de reclusão, ela sentiu uma breve sensação de justiça. No entanto, após a demissão do agressor, a policial passou a sofrer perseguição velada por parte de colegas, que a responsabilizam pela perda do emprego do suspeito, mesmo diante de seu histórico de assédio contra várias servidoras.
O advogado Márcio dos Santos, que representa a vítima, relata que a mulher tem sido alvo de ameaças veladas, críticas sobre a condição familiar do agressor e temor por sua segurança, incluindo riscos de transferência de cidade. "Você imagina, após ser vítima de uma violência, ter que ouvir este tipo de boato?", questiona o defensor.
Impactos na Saúde e Ambiente de Trabalho
Com mais de dez anos de serviço e sempre bem avaliada, a policial não recebeu suporte psicológico ou institucional adequado. Ela continuou trabalhando sob a mesma chefia e local onde ocorreu o assédio, o que agravou seu quadro de saúde mental, desenvolvendo transtorno de ansiedade generalizada, depressão, crises de pânico e fobia social.
Segundo o advogado, a situação revela uma cultura institucional que dificulta denúncias e protege os agressores, causando uma "segunda violência" às vítimas, conhecida como revitimização.
Detalhes do Caso e Outros Depoimentos
O assédio ocorreu em um ambiente sem câmeras de segurança, quando o suspeito fez comentários de conteúdo sexual e tentou se aproximar da vítima de forma invasiva. A demora para formalizar a denúncia foi atribuída ao choque e à cultura machista dentro da corporação, segundo a própria policial.
Outra vítima também denunciou o investigador por comportamento semelhante em 2019, e testemunhas, incluindo delegadas de polícia, confirmaram o comportamento inadequado do agressor, que fazia abordagens e comentários de cunho sexual frequentes contra diversas mulheres da delegacia.
Posicionamento da Polícia Civil e Canais de Denúncia
A Polícia Civil informou, por nota, que o servidor foi investigado, indiciado e demitido conforme ordem judicial, ressaltando o compromisso com um ambiente de trabalho saudável, livre de assédio. Um processo disciplinar foi instaurado para apurar outras infrações disciplinares relacionadas.
Além disso, a instituição destacou campanhas permanentes de conscientização e os canais oficiais para denúncias internas: Disque Ouvidoria (162), Disque Denúncia Unificado (181) e o Setor de Atendimento às Partes da Corregedoria-Geral da PCMG, localizado em Belo Horizonte.