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Estudo revela potencial histórico de cemitério de escravizados em Minas Gerais
Pesquisadores da UFMG iniciam exploração de terreno em fazenda colonial onde estão sepultadas cerca de 200 pessoas de origem africana
Uma pesquisa arqueológica em Bom Jesus do Amparo, localizado a 73 quilômetros de Belo Horizonte, busca revelar informações fundamentais sobre a vida dos escravizados em Minas Gerais, que constituíram uma parte significativa da população durante o período colonial. Apesar de representarem quase um terço da população mineira na época, suas histórias permanecem em grande parte invisibilizadas, mesmo após a abolição da escravatura em 13 de maio de 1888, com a Lei Áurea, que não garantiu reparações nem a preservação das memórias dos africanos trazidos à força.
O Cemitério de Escravizados
No local do estudo, a 3,5 quilômetros da sede do município, encontra-se um cemitério de escravizados, onde de acordo com registros, podem estar enterrados os restos mortais de cerca de 200 indivíduos. Este cemitério já foi tombado como patrimônio municipal e está sendo investigado por pesquisadores do Departamento de Antropologia e Arqueologia da UFMG, que desconheciam a existência desse importante sítio arqueológico, cuja história é transmitida oralmente entre os moradores locais há mais de um século.
Preservação e Pesquisa
O terreno pertenceu à Fazenda do Rio São João e atualmente está nos limites da Fazenda do Rosário, desmembrada da original e ainda pertencente à família Motta. O secretário municipal de Cultura, Eduardo Motta, revelou que a intenção da administração é delimitar a área para escavações, com a esperança de localizar ossadas e objetos pessoais que possam fornecer mais informações sobre os ritos funerários e a vida dos sepultados.
Expectativas e Oportunidades
Tiago Pedro Ferreira Tomé, bioarqueólogo da UFMG, destaca que essa pesquisa representa uma rara oportunidade de analisar as condições de vida dos escravizados através de seus restos mortais, possibilitando um olhar mais aprofundado sobre uma parte da história frequentemente esquecida. O secretário Motta também mencionou que a história oral local sugere que os escravizados eram enterrados com seus pertences para garantir um ciclo de vida completo.
Tradição e Memória
A preservação desse cemitério é vista como um ato de resistência cultural. Angela Aparecida Ferreira, historiadora e bisneta de escravizados, enfatiza a importância da oralidade na manutenção da memória histórica dessas comunidades. Através de relatos transmitidos de geração em geração, a história e a cultura dos escravizados continuam a ser lembradas e respeitadas.
Conclusão
O trabalho de pesquisa ainda está em fase inicial, com esforços voltados para a transcrição do livro de óbitos que documenta os falecimentos de escravizados. A expectativa é que essa pesquisa não apenas ajude a documentar a história desses indivíduos, mas também contribua para a valorização do patrimônio histórico que representa a rica e complexa herança cultural de Minas Gerais.