O cantor Milton Nascimento divulgou um pronunciamento na manhã deste domingo (3) a respeito da ação movida por ele, a gravadora Sony Music, e os cantores Lô Borges e Márcio Borges contra o Cruzeiro. A ação judicial foi aberta devido ao uso não autorizado da canção "Clube da Esquina nº 2" em um vídeo promocional que anunciou a contratação do atacante Gabigol, divulgado nas redes sociais do jogador e do clube no dia 1° de janeiro deste ano.

Posicionamento de Milton Nascimento

Por meio de sua equipe, Milton Nascimento afirmou que a música foi utilizada de forma promocional sem qualquer autorização ou diálogo prévio, o que configura violação direta da Lei de Direitos Autorais (Lei 9.610/1998). "Reiteramos que a música é trabalho, é sustento, é propriedade intelectual. Assim como um jogador de futebol é remunerado por seu ofício, compositores e artistas também têm o direito de decidir quando, como e por quem suas obras podem ser usadas. Em casos assim, é necessário separar a idolatria e se entender que o clube, para além do sentimento, é uma empresa/marca, que visa e tem lucros. A música para além do entretenimento que gera, é um trabalho sério, um patrimônio do autor e fonte de renda", declarou.

Dificuldade em reconhecer a música como profissão

No pronunciamento, Milton destacou a dificuldade que muitos têm em compreender a música como uma profissão. Ele fez uma analogia para ilustrar: "Para tornar mais clara essa lógica, imagine se alguém entrasse no supermercado do dono do clube, pegasse os produtos das prateleiras e, ao chegar no caixa, solicitasse os itens gratuitamente, por amor ao time. Seria aceito?", questionou.

Repercussão nas redes sociais

O cantor também comentou sobre o ódio e ataques etaristas que tem recebido nas redes sociais, ressaltando que tais comentários são infundados e que medidas legais serão tomadas contra os responsáveis. "Comentários criminosos estão sendo registrados e medidas legais serão tomadas individualmente. A internet não é terra sem lei. Essa não é uma briga por dinheiro. É uma defesa legítima do trabalho artístico, do direito autoral e do respeito à profissão", ressaltou Milton Nascimento.

Posição do Cruzeiro

Em nota enviada à TV Sim Brasil, o Cruzeiro informou que não foi oficialmente citado no processo e desconhece o conteúdo exato da ação. O clube explicou que recebeu uma notificação extrajudicial há aproximadamente seis meses, alegando violação de direitos autorais pelo compartilhamento, em colaboração, de um vídeo divulgado na página pessoal do atleta Gabriel Barbosa. O Cruzeiro afirmou que se posicionou contra a notificação, alegando que não houve violação autoral, pois o clube apenas compartilhou o vídeo postado pelo jogador, que continha o fundo musical extraído da galeria musical do Instagram, disponível para todos os usuários, com a referência clara aos criadores musicais durante toda a exibição.

O clube também reforçou que a publicação foi de cunho editorial e uma forma de homenagem a Milton Nascimento, que é torcedor do clube, sem qualquer edição que justificasse violação ou exploração da obra musical.

Nota oficial do Cruzeiro

"O Cruzeiro informa que não recebeu qualquer citação referente ao processo mencionado na reportagem, portanto, desconhece o exato teor da demanda. Contudo, o clube esclarece que recebeu uma notificação extrajudicial, há aproximadamente seis meses, com alegação de violação de direitos autorais por ter compartilhado, em colaboração, um vídeo divulgado na página pessoal do atleta Gabriel Barbosa. Em resposta, o Cruzeiro se posicionou contrário à notificação, uma vez que não houve qualquer violação autoral por parte do clube, que apenas compartilhou, em formato collab, o vídeo postado pelo atleta, que continha fundo musical extraído da galeria musical do Instagram, disponibilizada pela plataforma digital a todos os usuários, com a referência clara aos criadores musicais ao longo de toda a sua exibição. O compartilhamento da postagem pelo Cruzeiro foi apenas de cunho editorial, até como uma forma de homenagem ao artista que, em inúmeras ocasiões, declarou ser torcedor do clube, sem qualquer edição adicional que justifique violação autoral ou qualquer intuito de exploração da obra musical."